segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Repressão da Polícia Militar no 14º Grito dos Excluídos em Recife

Polícia Militar impede entrada na Avenida Conde da Boa Vista


Batalhão de Choque fecha cruzamento

André Barreto

Ontem (07/09) de manhã foi realizado, paralelamente à parada militar do 7 de setembro (na qual o senhor Governador do Estado e outras autoridades estatais estavam presentes), o 14º Grito do Excluídos, este ano com o lema "Vida em primeiro lugar, direito e participação popular", no qual se fez uma passeata pacifica por toda Avenida Conde da Boa Vista até o pátio do Carmo, no centro do Recife.

Foi inadmissível como esta manifestação pacifica sofreu repressão pela Polícia Militar, havendo a presença do Batalhão de Choque. A concentração estava sendo realizada na Praça Oswaldo Cruz. Na hora, contudo em que se iria em direção para entrar na Conde da Boa Vista, a PM bloqueou o acesso com o ônibus dela fechando a rua, fazendo um cordão de isolamento e ainda com vans atrás evitando a passagem. A passagem foi bloqueada, porem no momento em que houve o encontro entre as filas de manifestantes e o batalhão, os primeiros tentando forçar a passagem, a policia começou a bater em todos que estavam ao redor. Somente apos algumas conversas e negociações é que a PM permitiu a entrada na avenida, com a condição de que todos os carros de som e trios elétricos ficassem detidos e não seguissem na passeata (ate porque não tinha como eles passarem: o ônibus fechando a rua não deixava). Foi nítido que o objetivo da policia neste momento era fragmentar e dispersar a movimentação, já que a passagem foi permitida, mas dificultada ao se deixar passar somente de 10 em 10 pessoas.

Seguindo pela Conde da Boa Vista, o primeiro cruzamento estava já fechado pelo Choque, com mais de 50 policiais, alguns portando armas e bombas de gás lacrimogêneo... Mais uma vez houve empurra-empurra, mais alguns socos e pontapés distribuídos, alem do uso de cassetete (algumas pessoas ficaram feridas). Somente depois de algumas conversar a continuação do ato foi permitida, desta vez com policiais, motos e viaturas acompanhando a marcha até o fim do trajeto.

Esta atitude do Governo do Estado, na figura de Eduardo Campos e seus secretários, em evitar mais uma vez uma manifestação pacifica de movimentos sociais, sindicatos e organizações populares, é inadmissível a um governo que se diz popular. É no mínimo uma contradição que um governo dito de esquerda, que pauta, pelo menos em tese, a defesa dos Direitos Humanos (ao realizar recentemente uma Conferência de Direitos Humanos, criar conselhos temáticos e uma secretaria especial de direitos humanos, entre outros discursos) ter uma Policia Militar e a secretaria de Defesa Social tão (ou ate mais) repressora e criminalizadora dos movimentos como a de seus antecessores (repressão já mostrada também nos episódios anteriores, a exemplo das manifestações contra o aumento da passagem de ônibus em janeiro).

André Barreto é membro do Movimento Faculdade Interativa e do Núcleo de Assessoria Jurídica Popular - NAJUP/Direito nas Ruas/UFPE.

Nenhum comentário: